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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Só vontade

Tínhamos vontade um do outro. A vontade que não é intelectual. Era desejo que passava pela mente e vazava pelos olhos. Era o fogo de Camões. O Eu te amo de Buarque. Ia além da poesia concreta, palpável. Era vontade. Sentimento impossível de sanar sem a cura com o remédio exato. Sem genérico. Só vontade. Aquela vontade...que te faz acordar na madrugada e olhar para lua. A vontade que chora nos olhos ao escutar canções. Que grita nas linhas do livreto de Vinícius. Que vai do santo ao profano. Do amor de Paulo a realidade de Rodrigues. Era tudo vontade. Sem a qual seria impossível sentir o gosto da tua silhueta.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Seu voto é de quem?

Em menos de um mês, nós brasileiros iremos às urnas votar em cinco cargos políticos diferentes, entre eles, o mais importante: o posto de presidente da República.

Nessa eleição temos a opção de oito candidatos à presidência. Três deles representam grandes e conhecidos partidos, como, o PT, PSDB e PV, e os outros cinco, partidos “nanicos”, dos quais boa parte da população nunca ouviu falar.

Com tanta opção democrática, qual seria o melhor candidato? Aquele que possui uma carreira política e integra um partido “popular”? Ou aquele utiliza um discurso um tanto utópico, mas promete ações dirigidas a população mais necessitada? Em toda essa discussão, o seu voto é de quem?

Sorocaba já é a 12.ª cidade do interior do País em número de pessoas aptas a votar nas próximas eleições, com 407.075 eleitores. No Estado, o município ocupa a 8.ª posição entre as que mais possuem eleitores. A cidade de São Paulo é o maior colégio eleitoral do Brasil com 8.483.115. Se comparado com as eleições de 2008, Sorocaba passou a frente de cidades como Ribeirão Preto (SP), hoje com 406.166 eleitores. Assim, não é por acaso que candidatos à Presidência da República, ao Governo do Estado e até mesmo ao Senado, chegam a fazer campanha na cidade por várias vezes ao longo do período.

Então, se você não é partidário, ou algo parecido, fica bem difícil escolher em meio à onda de informação eleitoral que lhe é despejado diariamente. Principalmente o horário político, que apresenta em 2010 o maior número de homens e mulheres lutando por suas candidaturas. Talvez umas das maneiras que o Tribunal Eleitoral utilizou para barrar eloqüentes e falsos políticos foi a “Ficha Limpa”, que de fato excluiu alguns candidatos das eleições, entretanto, não foi eficaz aos figurões como Paulo Maluf, candidato a deputado federal pelo PPS. O que deveria sobrar ao cidadão brasileiro é a inquietação e não o conforto da opinião do vizinho ou das pesquisas de Ipobe. A fé cega nos candidatos deve ser banida pela consciência de que a mudança pode e deve ser feita em quatro anos. Não podemos deixar para depois, não podemos deixar para última hora, temos que ter segurança e apertar a tecla confirma, com a certeza do cumprimento das propostas. Temos que decidir. Afinal estamos em uma democracia. Temos que saber agora para quem é o nosso voto, e não deixar para domingo, dia 03 de outubro e ainda não saber a resposta para a pergunta: Seu voto é de quem?

Horário Eleitoral :panem et circenses!



Todo dia que chego a minha casa após o serviço, tomo um banho com uma trilha sonora um tanto peculiar. “2222, Tiririca é federal”. Então, depois de ter inúmeros momentos interrompidos, decidi assistir sem pré- conceitos o horário político inteiro. Admito que para mim foi um tanto engraçado, pois não consegui de forma alguma segurar o riso perante a tanta coisa bizarra.

Que decepção. Que vergonha alheia. Me senti em uma arena participando da panem et circenses” (política do pão e circo), nos quais os imperadores romanos, com medo que a população se revoltasse e exigissem melhores condições de vida, realizavam carnificínas para o ópio do povo. E o pior de tudo, é que o objetivo era alcançado, já que ao mesmo tempo em que a população se distraia, se alimentava e esquecia os problemas, não pensando em rebelar-se.

É exatamente assim que o povo brasileiro se comporta. Apático, inerte, a qualquer tipo de ação ou de inação por parte daqueles que deveriam ser responsáveis pelo bem estar público. Na verdade, assim como para mim, ver o Tiririca dizer que “pior do que tá, num fica” , é diversão,é o palhaço na arena. Só que as pessoas não sabem que essa campanha um tanto “palhacesca” está dando ao seu candidato a liderança nas pesquisas semanais do Ibope para a vaga de deputado federal em São Paulo, desbancado renomados políticos. Além de Tiririca, outros famosos tentam uma vaga no congresso. É o caso do pagodeiro e candidato ao Senado Netinho de Paula, a sambista Leci Brandão, o cantor Frank Aguiar, a apresentadora Simoni, a dançarina Mulher Pêra e Ronaldo Esper, que sonha em conseguir o feito de seu antigo concorrente das agulhas Clodovil.

Mesmo que o candidato não use um nariz de palhaço ou um jargão ridículo, não temos mais como escapar, pois, até os candidatos a presidência, que ao invés de pleitearem votos através do conhecimento, partiram para os ataques pessoais.

A verdade é que o verdadeiro palhaço sou eu, é você. Somos nós que estamos na arena do “Coliseu Canarinho” e seremos devorados por leões ou mortos por escravos gladiadores. Precisamos mudar nossa posição. Se não o ópio do nosso povo, continuará sendo o carnaval e o futebol.

Que entre na Sapucaí da palhaçada a escola de samba Unido dos clowns inertes” ao som do samba-enredo “Aí vem a baixaria”!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Artista plástico Dedablio expõe suas obras no Centro Cultural


“A pintura é um silêncio, entretanto, tem muito barulho, é muito caótica. Na pintura você fala pelo silêncio”, explica o artista plástico Dedablio, que se baseou nesse conceito para escolher o nome “O Timbre do Silêncio” para a exposição de suas obras que estarão dispostas a partir deste sábado, dia 18, ás 19h, no Centro Cultural de Tatuí.
A exposição contará com cerca de 50 obras entre pinturas, gravuras, fotografias e desenhos. Também será exposta a nova coleção de T-Shirts e pinturas em louça. As obras foram produzidas do final de 2009 até agosto de 2010. “Essa exposição para mim não é apenas pendurar quadros e deixar lá. Tem toda uma construção de pensamento, as obras são para refletir, tem muito do impacto que a cidade de São Paulo me causou”, diz.

Nesse período que Dedablio produziu o material que será exposto, foi “apadrinhado” pela atriz tatuiana Vera Holtz, e através da mesma o artista,que também é tatuiano, recebeu o convite da Secretaria da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer para expor a sua arte.
Dedablio pinta desde o ano de 2000. No decorrer dos anos se aperfeiçoou através de técnicas que julga ser extremamente importante. Ao ser questionado de quais seriam suas maiores influências, o artista plástico aponta personalidades nacionais como o pintor e compositor carioca Heitor dos Prazeres e o gravurista Iberê Camargo. Já no cenário internacional ele cita a Europa e enfatiza a contribuição de Van Gogh para a pintura. “Conhecer várias coisas, comer um pedaço de cada, digerir, transformar em vitamina. Foi assim que criei a minha força”, diz.
Com traços e cores marcantes, o artista plástico tatuiano, do qual muitos conhecem por suas pinturas (grafites) espalhadas pela cidade de Tatuí pinta geralmente figuras negras. “É muito difícil encontrar um artista que pinte o negro. Queria me reconhecer na arte, reconhecer o meu irmão”. Ele ainda afirma se sentir orgulhoso por voltar e expor seu trabalho na cidade onde tudo começou “O meu trabalho nasceu nas ruas de Tatuí. Eu nunca vou negar isso e deixar isso. É enraizado aqui”, finaliza.


“O Timbre do Silêncio” ficará em exposição até dia 4 de outubro, podendo ser visitado diariamente das 10h ás 17h. O Centro Cultural de Tatuí fica na Praça Matinho Guedes, 12, no Centro.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

As canções sempre ficam

As canções sempre ficam.
Elas ficam nos nossos ouvidos,
na superfície,e no mais profundo da nossa alma.

A canção está no toque, no cheiro, no olhar.
Toco tua pele e lembro de Tatuagem.
Sinto teu cheiro e ouço Perfume.
Ah...quando olho nos seus olhos,
Os meus olhos com os seus resolvem se encontrar.

Então , sem essa vã filosofia ou esse Positivismo de Noel,
a música se sente, com o ouvido, com os olhos, com o coração.

É o passarinho que cantarola na janela.
É na cozinha a batucada da panela.
O cavaquinho chora e grita de dor.
Eu me estremeço e me aqueço.

Saio na rua, chuto lata, assobio...
Os mambembes e os vagabundos ouvem falar de mim...
Sentem e saboreiam a minha canção...
Pois as canções sempre ficam.
(Rafaele Breves)

Eu por mim mesma

Eu posso ser um sim, mas também posso ser um não. Sou inconstante, contraditória. Adoro tomar chuva e andar descalça, porém odeio frio. Detesto cebola, halls preto e sorvete de milho. Tomo leite condensado na lata, abro a geladeira pra pensar e assisto novela. Estranha? Eu sei que sou. Meus livros podem ter várias capas. De Kafka a Maurício de Souza. Minhas músicas várias notas. De Noel Rosa a Zeca Pagodinho. Confusa?Sim, sou. Não tenho a menor pretensão de ser algo. Eu posso ser todas as coisas. Eu sou aquela que come demais, ri demais, fala demais, briga demais, ama demais, e de verdade, intensamente e pra sempre, até quanto durar. Durar o momento da vida. Vida que pra mim é um grande circo, no qual trapezistas se arriscam, domadores vencem seus medos, equilibristas se concentram, mágicos enganam, platéia acredita, palhaço que diverte, palhaço que se diverte, palhaço que também chora depois dos aplausos. Eu sou uma menina. Que acredita em sonhos e corre atrás deles. Menina que têm inúmeros defeitos. Perfeição que fique para os deuses. Eu sou humana! Eu sou aquela que quer viver. Aquela que ama a família, os amigos e o time do coração. Também sou aquela que serve a Deus e confia nas suas promessas. Aquela que têm TPM, mau humor e espinha. Aquela que acha graça em ir ao cinema e ser a única espectadora. Quiça um dia eu possa ver Chico Buarque em um show, assistir Fernanda Montenegro no palco, pular de pára-quedas em Boituva, ter trigêmeos, com nomes de reis e uma menina Luíza em homenagem ao Buarque. Quem me dera receber flores ao apresentar uma peça, ter meu nome como bibliografia em dissertações e TCCs, ir à praia todo mês e ser amada pelo homem da minha vida. Eu quero sentir o vento e ver o nascer do sol. Quero ser jornalista, capoeirista, e mais que tudo isso ATRIZ.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Verbo É querendo ser primeira pessoa


Há um tempo assisti um espetáculo teatral que contava a história de várias mulheres que eram reprimidas de alguma forma. Uma das falas que a atriz, maravilhosa por sinal, sempre repetia era: “Como é difícil ser a gente mesmo".Saí aquele dia do teatro pensando nisso. Minha dor de cabeça contribui para a melancolia e para os terríveis e vitais pensamentos. “Será que me utilizo de máscaras para viver? Será que sou personagem de mim mesma?Enfim, minha crise existencial veio à tona em pleno Encontro de Teatro Estudantil em Patos de Minas- MG. (Suspiro)'Aí que loucura', pensei eu. E a dor de cabeça não passava. Na verdade aumentava, não conseguia nem sorrir mais. Tentei conversar, brincar de 21 tiros, acho que precisava mesmo gritar: "Quero ser Rafaele. Rafaele Breves. A menina que fala rápido e é míope. Eu só quero ser ela. (Grito de desespero)Quero encontrar uma verdade!!!!
Na verdade a verdade é minha. Eu a ganhei no DNA da minha mãe, nas coisas que ela me ensinou. Nas coisas que o professor me instigou, nas discussões que arrumei na vida, na minha vida.
Por mais que isso não se admita, cada um possui uma verdade. E isso não é errado. Ao contrário, fortalece a identidade, a individualidade do ser humano. Isso é ser você. Isso é ser eu.
Portanto, minhas dúvidas só aumentarão com o passar do tempo... E isso pra mim não importa. Eu só sei que quero fazer parte do verbo É, e não da 1º pessoa que costumo conjugar!

( Rafaele Breves)

“[...]todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser todo verbo é livre para ser direto e indiretonenhum predicado será prejudicadonem tampouco a vírgula, nem a crase nem a frase e ponto final!afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulase estar entre vírgulas pode ser apostoe eu aposto o oposto que vou cativar a todossendo apenas um sujeito simplesum sujeito e sua oraçãosua pressa e sua verdade,sua féque a regência da paz sirva a todos nós[...]”