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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Verbo É querendo ser primeira pessoa


Há um tempo assisti um espetáculo teatral que contava a história de várias mulheres que eram reprimidas de alguma forma. Uma das falas que a atriz, maravilhosa por sinal, sempre repetia era: “Como é difícil ser a gente mesmo".Saí aquele dia do teatro pensando nisso. Minha dor de cabeça contribui para a melancolia e para os terríveis e vitais pensamentos. “Será que me utilizo de máscaras para viver? Será que sou personagem de mim mesma?Enfim, minha crise existencial veio à tona em pleno Encontro de Teatro Estudantil em Patos de Minas- MG. (Suspiro)'Aí que loucura', pensei eu. E a dor de cabeça não passava. Na verdade aumentava, não conseguia nem sorrir mais. Tentei conversar, brincar de 21 tiros, acho que precisava mesmo gritar: "Quero ser Rafaele. Rafaele Breves. A menina que fala rápido e é míope. Eu só quero ser ela. (Grito de desespero)Quero encontrar uma verdade!!!!
Na verdade a verdade é minha. Eu a ganhei no DNA da minha mãe, nas coisas que ela me ensinou. Nas coisas que o professor me instigou, nas discussões que arrumei na vida, na minha vida.
Por mais que isso não se admita, cada um possui uma verdade. E isso não é errado. Ao contrário, fortalece a identidade, a individualidade do ser humano. Isso é ser você. Isso é ser eu.
Portanto, minhas dúvidas só aumentarão com o passar do tempo... E isso pra mim não importa. Eu só sei que quero fazer parte do verbo É, e não da 1º pessoa que costumo conjugar!

( Rafaele Breves)

“[...]todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser todo verbo é livre para ser direto e indiretonenhum predicado será prejudicadonem tampouco a vírgula, nem a crase nem a frase e ponto final!afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulase estar entre vírgulas pode ser apostoe eu aposto o oposto que vou cativar a todossendo apenas um sujeito simplesum sujeito e sua oraçãosua pressa e sua verdade,sua féque a regência da paz sirva a todos nós[...]”

Um comentário:

  1. Seu questionamento me lembrou do filme de nome traduzido "Huckabees - A Vida É Uma Comédia".
    Em certo momento do filme, um personagem chega ao impasse com seus investigadores existenciais.
    "Como posso não ser eu mesmo?"
    É uma boa questão.

    Será que somos alguma dessas facetas, versões que apresentamos em diversas ocasiões?
    Ou será que somos todas ao mesmo tempo?
    Ou ainda, se somos um pouco de cada uma? Mas acho que essa resposta não resolve a questão, porque a essência continua escondida.
    Gosto de pensar na Dialética (sim, usei a palavra e dai? haha) que podemos partir para tentarmos 'procurar', mas que estamos em constante formação e mudança.
    Do caos nos achamos e procuramos uma forma de achar a ordem. Essa constante briga entre esses dois pólos, briga eterna, eterno retorno, é uma questão boa.

    Acho que nem preciso dizer que gostei da idéia do seu texto não?

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